quinta-feira, 5 de março de 2015

A música n'"Os Maias"

Vestiu-se, foi a S. Carlos. (...)
Dava-se a «Lúcia» em benefício, com a segunda dama. Os Cohens não tinham vindo-nem o Ega. Muitos camarotes estavam desertos, em toda a tristeza do seu velho papel vermelho. A noite chuviscosa, com um bafo de sudoeste, parecia penetrar ali, derramando seu pesadume, a morna sensação da sua humidade. Nas cadeiras, vazias, hvia uma mulher solitária, vestida de cetim claro; Edgardo e Lúcia desafinavam; o gás dormia, e os arcosb das rabecas, sobre as cordas, pareciam ir adormecendo também
- Isto está lúgubre- disse Carlos ao amigo Cruges que ocupava o escuro da frisa.
Cruges, amodorrado num acesso de spleen, com o cotovelo sobre as costas da cadeira, os dedos por entre a cabeleira, todo ele embrulhado em crepes sobrepostos de melancolia, respondeu, como do fundo de um sepulcro:
- Pesadote.

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