quarta-feira, 30 de março de 2011

O Paraíso afinal é em Portugal!

Melo no Paraíso


Afinal  o paraíso não é a utopia de uma sociedade povoada de  burgueses e operários vivendo harmoniosamente  nem  o mundo primitivo  com selvagens felizes e coloridos, ainda virgens da influência decadente da civilização ocidental e católica. O Paraíso é na Serra da Estrela como se pode ver pela placa da imagem!  E o Melo esteve lá.

domingo, 27 de março de 2011

O Paraíso do Falcão

O Paraíso existe e  é mesmo na outra esquina

Vlad
Um dos meus melhores amigos é polaco e chama-se Wlodzimierz.
Com um nome destes, rapidamente passou a Vladimir, nome com outras ressonâncias, e a Vlad para os mais íntimos.
Há anos foi para a cidade da Praia, em Cabo Verde, leccionar na Universidade Piaget.
É amante do mar e dos desertos. Todos os anos passa algum tempo no Mali, na Mauritânia ou no Níger, junto dos seus amigos Tuaregs. “Para limpar a alma”, diz ele.
Quando lhe chamamos a atenção para os riscos dessas expedições, responde calmamente: “qui nada”…
Nos tempos livres vai para o mar caçar tubarões, actividade que já tive o prazer de partilhar com ele.
É em casa do Vlad, da Rosa e da Cláudia, filha de ambos, que tenho passado alguns Natais e passagens de ano.  A Rosa é caboverdiana do Norte, da ilha de Santo Antão.
São a minha família africana.
Diria mais: toda a família do Vlad e da Rosa são a minha família africana.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Amos Oz

Uma História de Amor e de Trevas





A discussão à volta da obra "Uma História de Amor e de Trevas" de Amos Oz fica adiada para depois do Verão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Arequipa



Arequipa

Flora Tristán aportou em Islay, na região de Arequipa quando, em 1833,  realizou uma viagem ao Peru, terra natal de seu pai com o intuito de reclamar a parte da herança deste que lhe cabia.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Corvo

"...O Corvo de Edgar Allan Poe.Tinha-lo ouvido ler em voz alta ao tradutor, teu amigo, o poeta Stéphane Mallarmé..."
                                                                              
                                          O Paraíso na Outra Esquina
                                                   Mario Vargas Llosa




O CORVO

Edgar Allan Poe
Tradução de Fernando Pessoa (1924)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
     É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
     Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
     É só isto, e nada mais."
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
     Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
     Isto só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
     É o vento, e nada mais."

domingo, 20 de março de 2011

Flora Tristán

Nevermore



Quando Terminou o quadro_ passou cerca de dez dias a polir e a retocar os pormenores_ sentiu-se feliz, triste, vazio. Chamou Pau'ura. Ela, depois de o contemplar um bocado, de maneira inexpressiva, moveu a cabeça sem entusiasmo:
_ Eu não sou assim. Essa mulher é uma velha. Eu sou muito mais jovem.
_Tens razão_ replicou ele. _Tu és jovem. Esta é eterna.

                                                                O Paraíso na Outra Esquina
                                                                              Mário Vargas Llosa

Maternidade: cinco quadros de Gauguin








O seu estado de espírito reflectiu-se em cinco quadros que pintou depressa, à roda do tema da maternidade: Te Arii Vahine( A Rainha da Beleza); No te aha oe riri? (Porque estás Zangada?); Te Tamari No Atua  (O Nascimento de Cristo); Nave nave mahana (Dia Deleitável) e Te rerioa (O Sonho). Quadros nos quais mal te reconhecias, Koke, pois neles a vida mostrava-se sem drama, tensões nem violência, com apatia e sossego, no meio de paisagens de sumptuoso colorido. Os seres huumanos pareciam um imples traslado da paradisíaca vegetação. A pintura de um artista satisfeito!

                                                   O Paraíso na Outra Esquina
                                                                    ario Vargas Llosa
                                                 
                                                                          

Te Arii Vahine





No te aha oe riri?                                           Te Tamari No Atua      

Nave Nave Mahana                    Te Rerioa                                                                 










domingo, 13 de março de 2011

Retrato de Aline Gauguin




Onde estaria aquele retrato que fizeras dela, em 1888, consultando a tua memória e aquela única fotografia da tua mãe que conservavas encafuada no baú dos trastes? Nunca se vendera, que soubesses. Tê-lo-ia Mette em Copenhague? Devias perguntar-lho, na próxima carta. Estaria entre as telas em poder de Daniel, do bom Schuff? Pedir-lhes-ias que to enviassem. Recordava-lo com cópia de pormenores: um fundo amarelo um tanto ou quanto verdoso, como o dos ícones russos, cor que realçava os formosos e longos cabelos negros de Aline Gauguin. Caíam-lhe até aos ombros numa curva graciosa e apertava-os na nuca com uma fita violeta, disposta em forma de flor japonesa. Uns verdadeiros cabelos de andaluza, Paul. Trabalhaste muito para que os seus olhos aparecessem como os lembravas: grandes, negros, curiosos, um pouco tímidos e bastante tristes. A sua pele muito branca animava-se nas faces com o rubor que nelas assomava quando alguém lhe dirigia a palavra ou quando entrava numa sala onde havia gente que não conhecia. A timidez e a discreta fortaleza eram os traços marcantes da sua personalidade, aquela capacidade para sofrer em silêncio sem protestar, aquele estoicismo que tanto indignava - ela própria to contava- Flora, Madame -La- Colère. Estavas certíssimo de que aquele Retrato de Aline Gauguin mostrava tudo isso e trazia à superfície a tragédia prolongada que fora a vida da tua mãe.


                                 O Paraíso na Outra Esquina

                                                          Vargas Llosa 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Vargas Llosa

O convite ao escritor peruano, Mário Vargas Llosa, para inaugurar a Feira do Livro de Buenos Aires, desencadeou a polémica na Argentina. Os intelectuais, apoiantes da Presidente Cristina Kirchner, não querem o escritor na Argentina mas Vargas Llosa já respondeu e não vai faltar ao evento.

Escritor garantiu que não vai falhar o evento

“Aceitei o convite para a feira e a menos que me retirem o convite, eu vou lá estar e vou falar com a liberdade que sempre falei”, disse Vargas Llosa, entrevistado pela CNN espanhola, acrescentando que se a sua presença é incompatível com aquilo que os organizadores querem, que lhe digam que ele não vai à feira. “Mas vou a Buenos Aires na mesma para ver amigos”, assegurou.

Em relação ao protesto que surgiu esta semana, encabeçado por Horacio González, director da Biblioteca Nacional, o prémio Nobel classifica-o de absurdo. “Parece-me lamentável que alguém queira vetar-me, a única vez que isso aconteceu foi durante a ditadura militar, quando um general chamado Harguindey proibiu os meus livros”, disse ao “El País” Vargas Llosa.

Patrícia Vargas Llosa, mulher do escritor, assegura que o marido não quer arranjar problemas. “Isto tudo é um absurdo. O Mário não quer ir à Argentina para criar controvérsia ou arranjar problemas”, explicou ao “El País”.

Cristina Kirchner também já veio a público falar do caso, defendendo que cada um tem direito à sua opinião e por isso não condena o protesto. No entanto, Kirchner ordenou que a petição criada por este movimento anti-Vargas Llosa seja retirada imediatamente, conforme confirmou o chefe do gabinete da Presidente, Aníbal Fernández. “A Presidente quer garantir que existe liberdade de expressão nste país e por isso pediu que a petição fosse cancelada por considerar uma atitude autoritária e sustentadora de posições políticas agressivas”, disse Fernández ao diário espanhol, acrescentando que “não quer isso dizer que Vargas Llosa não seja um inimigo dos governos populares e particularmente da Argentina”.

Vargas Llosa já garantiu que estas investidas contra a sua presença não o vão impedir de participar na feira. “Creio na liberdade e pratico-a todos os dias”, atestou, concluindo que tem muitos amigos em Buenos Aires e por isso aqueles que não o querem na feira não representam os intelectuais argentinos, mas apenas uma pequena minoria.

A 37ª Edição da Feira do Livro de Buenos Aires, um dos eventos argentinos culturais mais importantes, decorre entre os dias 21 de Abril a 9 de Maio.

                                                                                                     In Jornal "Público", 04 / 03 /11
                                                                                                    (Texto enviado por Orlando Falcão)