Para aqueles que (como nós) se encontram no «caminho»
o único sentido possível é o «caminhar».
Para os amantes das palavras,...
recordo agora, com uma tremenda evidência,
as palavras do nosso Caeiro,
"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar..."
Esta é a única condição de quem ama as palavras.
Os amantes vivem na vertigem do sentir,
no exercício do medo,
na latência do fim.
As palavras escondem o sentido,
no movimento invisível da escrita,
e encontram-se na queda.
Sempre gostei de ler os livros que ninguém quer ler.
Tal como tu, também prefiro o Borges embora o Llosa seja sempre uma boa escolha.
Para os amantes das palavras, para lá da escolha, (lembro-me de Truffaut)
o que importa é a coragem de ler os livros antes de serem queimados, rasgados ou democraticamente excluídos.
Porque a «democracia» é uma outra maneira de largar o fogo.
Para todos, as palavras do Borges no "Aleph":
"Arrasado o jardim, profanados os cálices e os altares, os hunos entraram a cavalo na biboteca monástica e rasgaram os livros incompreensíveis e vituperaram-nos e queimaram-nos, talvez com medo que as letras incluíssem blasfémias contra o seu deus, que era uma cimitarra de ferro."
Em nome dos livros que nunca foram amados
porque nunca foram lidos.
Em nome dos amantes das palavras.
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