quinta-feira, 3 de março de 2011

Vargas Llosa

O convite ao escritor peruano, Mário Vargas Llosa, para inaugurar a Feira do Livro de Buenos Aires, desencadeou a polémica na Argentina. Os intelectuais, apoiantes da Presidente Cristina Kirchner, não querem o escritor na Argentina mas Vargas Llosa já respondeu e não vai faltar ao evento.

Escritor garantiu que não vai falhar o evento

“Aceitei o convite para a feira e a menos que me retirem o convite, eu vou lá estar e vou falar com a liberdade que sempre falei”, disse Vargas Llosa, entrevistado pela CNN espanhola, acrescentando que se a sua presença é incompatível com aquilo que os organizadores querem, que lhe digam que ele não vai à feira. “Mas vou a Buenos Aires na mesma para ver amigos”, assegurou.

Em relação ao protesto que surgiu esta semana, encabeçado por Horacio González, director da Biblioteca Nacional, o prémio Nobel classifica-o de absurdo. “Parece-me lamentável que alguém queira vetar-me, a única vez que isso aconteceu foi durante a ditadura militar, quando um general chamado Harguindey proibiu os meus livros”, disse ao “El País” Vargas Llosa.

Patrícia Vargas Llosa, mulher do escritor, assegura que o marido não quer arranjar problemas. “Isto tudo é um absurdo. O Mário não quer ir à Argentina para criar controvérsia ou arranjar problemas”, explicou ao “El País”.

Cristina Kirchner também já veio a público falar do caso, defendendo que cada um tem direito à sua opinião e por isso não condena o protesto. No entanto, Kirchner ordenou que a petição criada por este movimento anti-Vargas Llosa seja retirada imediatamente, conforme confirmou o chefe do gabinete da Presidente, Aníbal Fernández. “A Presidente quer garantir que existe liberdade de expressão nste país e por isso pediu que a petição fosse cancelada por considerar uma atitude autoritária e sustentadora de posições políticas agressivas”, disse Fernández ao diário espanhol, acrescentando que “não quer isso dizer que Vargas Llosa não seja um inimigo dos governos populares e particularmente da Argentina”.

Vargas Llosa já garantiu que estas investidas contra a sua presença não o vão impedir de participar na feira. “Creio na liberdade e pratico-a todos os dias”, atestou, concluindo que tem muitos amigos em Buenos Aires e por isso aqueles que não o querem na feira não representam os intelectuais argentinos, mas apenas uma pequena minoria.

A 37ª Edição da Feira do Livro de Buenos Aires, um dos eventos argentinos culturais mais importantes, decorre entre os dias 21 de Abril a 9 de Maio.

                                                                                                     In Jornal "Público", 04 / 03 /11
                                                                                                    (Texto enviado por Orlando Falcão)

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