sábado, 30 de abril de 2011

Tudo é foi


Fecho os olhos por instantes.
Abro os olhos novamente.
Já outro ar me rodeia;
outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.
 Outras árvores se floriram;
outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.

Momento, tempo esgotado, 
fluidez sem transparência.
Presença, espectro de ausência,
cadáver desenterrado.
 Combustão perene e fria.
Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.

António Gedeão

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