ROMAIN
GARY
A
PROMESSA
A
última bola, existe ou não?
por Maria João Leite de Castro
Considerando a perspectiva
de Romain Gary, penso que a resposta é não.
As
expectativas que a mãe tinha em relação a ele eram tão elevadas e condicionaram tanto a
sua relação com o mundo e com os outros que, por mais que se esforçasse, nunca
seria possível atingir essa última bola, exactamente porque ela não tem uma
existência física, mas é do domínio do maravilhoso, do fantástico, do
imaginário.
Desde pequeno, Gary ouve as histórias da mãe que, ao contrário das outras histórias que os miúdos normalmente ouvem, não falam da Branca de Neve, do Gato das Botas ou dos Sete Anões, mas dos deuses inimigos Totoche, Merzavka e Filoche. Estes deuses inimigos personificam muito da realidade humana, aquela que, por mais que se queira contrariar, aparece sempre em focos disseminados e transversais à história da humanidade. Combatê-los será possível, mas nunca derrotá-los de forma definitiva ou, no mínimo, duradoira. Ora, Romain Gary, tem esse objectivo inalcançável: quis disputar, aos deuses, absurdos e ébrios do seu poderio, a posse do mundo, e restituir a terra àqueles que a enchem da sua coragem e do seu amor. (pág. 16).
Dessa
forma, lutar contra esses deuses inimigos é querer ultrapassar a condição
humana que nos condiciona, impedindo-nos de atingir o que se perfila no
horizonte e que será sempre inalcançável: Ficava muitas horas deitado no
chão, com a cabeça sobre o paraquedas e tentava lutar contra o sentimento de
frustração, contra o tumulto indignado do meu sangue, contra o desejo de
ressuscitar, de vencer, de sair dali. Ainda hoje não sei muito bem o que
entendia por «ali». A condição humana? (pag. 304).
Essa
crença na vitória final, na superação da existência humana, individual e
colectiva e na transformação do mundo, é simultaneamente motivo de angústia e o
próprio R. Gary reconhece que essa esperança que «ultrapassa as limitações
biológicas, intelectuais e físicas» é uma espécie de estupidez ou de
ingenuidade elementar, primária, mas irresistível, que devo ter herdado da
minha mãe e de que tenho plena consciência. (pág.205)
É
nesse sentido que R. Gary diz aceitar e compreender muito bem os outros,
aqueles que se recusaram a seguir o General de Gaulle, porque estes estavam demasiado
instalados nisso a que chamavam a condição humana e que era apenas as suas
vidas. (pag.234).
Na
verdade, a glória desmedida que a mãe idealiza para Gary e os sacrifícios
constantes que faz para concretizar esses sonhos, cria nele não só uma
responsabilidade imensa, mas também o sentimento de que, tudo o que faça, fica
aquém daquilo que foi idealizado. Esse poderoso amor que zelava constantemente
por ele e que lhe dava muitas vezes o sentimento de invulnerabilidade,
tornava-o também eternamente insatisfeito e levou-o a abordar a vida como
uma obra de arte em constante elaboração, e cuja lógica escondida, mas
imutável, era a da beleza. (pág.246). Como alcançar essa obra de arte, esse
equilíbrio e harmonia, a obra perfeita, a «ultima bola», aquela que implica a
superação de todas as limitações antropológicas?
Assim,
apesar de ter conseguido realizar todos os desejos que a mãe vaticinara- era um
escritor de mérito, recebera a Croix de La Libération, colocado no seu
peito pelo próprio General de Gaulle e até vestia fatos com corte inglês –
todos esses êxitos arrastavam consigo um sentimento de insuficiência, de
insatisfação: falo com toda a sinceridade: nada vejo nos meus pobres
esforços nada que tenha merecido uma tal distinção. Aquilo que fiz, que
esbocei, é ridículo, inexistente, nulo, se o compararmos com o que a minha mãe
esperava de mim, com o que ela me havia ensinado e contado acerca do meu país. (pag.307).
No
final do livro, Romain Gary refere-se mais do que uma vez à sua queda.
Como
interpretar essa queda? Para além da morte da mãe, o reconhecer de que não
tinha chegado a tempo para lhe oferecer aquilo com que toda a vida ela sonhou,
mais do que essa circunstância, sem dúvida avassaladora, a «queda» resulta do
facto de reconhecer que a vida, afinal, era alheia à Arte, à Beleza e à
Justiça. Essa obra prima na qual sempre acreditou, com a morte antecipada/injusta
da mãe, desvaneceu-se e deixou um Vazio que nunca mais foi superado. No fundo,
não valia a pena continuar a treinar: nunca conseguiria apanhar a última bola,
porque ela não existia…
Hoje,
que a queda se completou, sei que o talento da minha mãe me impeliu durante
muito tempo a abordar a vida como um tema artístico e que eu me perdi ao querer
ordená-lo em torno de um ser amado e de acordo com a regra de oiro. O desejo da
obra prima, do domínio absoluto, da beleza, levava-me a erguer as minhas mãos
impacientes contra uma matéria informe que nenhuma vontade humana poderia
modelar, mas que possui o poder insidioso de nos destruir imperceptivelmente.
Por cada tentativa que fazeis para lhe incutir a vossa marca, ela impõe-vos um
pouco mais, uma forma trágica, grotesca, insignificante ou absurda (…)Em vez de
brincar de acordo com as minhas possibilidades com 5, 6 ou 7 bolas, como todos
os artistas que se prezam, matei-me ao pretender viver o que, na verdade,
apenas pode ser cantado. A minha rota foi uma perseguição errante de qualquer
coisa cuja arte me dava sede, mas cuja vida não me podia oferecer apaziguamento
.Há muito tempo que já não me deixo enganar por essa inspiração e se continuo a
pensar em transformar o mundo num jardim feliz, sei que não tanto pelo amor dos
homens, como pelo amor dos jardins.(págs. 258/259).
Abordando
a questão, já não sob a perspectiva de Romain Gary, poderíamos dizer que essa última
bola existe, enquanto ideia em cada um de nós, por vezes tentando constituir-se
num querer colectivo ao qual chamamos Utopia. Essa ideia de perfeição, de obra
prima, de beleza e de justiça é, de alguma forma, algo que nos impele mas que
não tem uma realidade objectiva, à maneira platónica de um Mundo das Ideias,
mas que se vai constituindo subjectiva e historicamente levando a nossa marca
eternamente humana e por isso, sujeita a regressões, a falhas, a injustiças e a
deformações…
A
ilusão de Romain Gary foi, a meu ver, acreditar como ele próprio diz,
ingenuamente, que a Perfeição, a Beleza e a Justiça estavam ao alcance do seu
desmesurado esforço…
Big Sur
por Tom Berning
Below is a brief
description of Big Sur and some of my impressions. It has probably been
nearly 40 years since I last visited/drove through Big Sur, but some things do
not change. I’m sure that my experiences still hold true.
Big Sur is a rugged coastal area of California fronting to the
Pacific Ocean located south of Carmel-by-the-Sea and north of San Simeon
(Hearst Castle). In order to visit Big Sur, a person MUST have a
car. Even with a car, this is a difficult area to visit because there is
only one road – Highway 1. (To call this a highway may be misleading to
visitors of the area. This is a two lane paved road with infrequent areas
to pass other cars). Highway 1 is a coastal road, running north to south,
perched immediately above the ocean. To the west of the road is the
ocean, to the east of the road are the California Coastal Mountains.
There are no material roads over the mountains – only forest service roads, as
a result, visitors to the Big Sur area drive from the north or the south.
The distance where the road is isolated is approximately 200 kilometers and
takes about 3.5 to 4 hours to drive if one does not stop, but of course
everyone stops because the views are STUNNING. In practice, if a driver
wants to drive this route and not stay overnight at one of the retreats, they
should allocate one full day to make the transit. There are limited
services on the road. Restaurants, fuel stations and rest stops are
infrequent. There are a few small towns along this area of Highway 1, but
they are fairly isolated. In addition to isolation, the road is
frequently damaged by landslides during the winter rainy months.
Sometimes the slides are small and only close a lane of traffic, sometimes they
damage the road substantially and close the road for months. About 2-3
years ago there was a major landslide on Highway 1 which closed the road for
over a year and caused the road to be re-engineered and re-routed permanently
due to unstable soils.
Besides the beautiful scenery, Big Sur is the location for some of the most
elite retreat centers in the United States due to their location, isolation and
scenery. The most famous of these retreat centers is called Esalen
Institute. Esalen has been in existence for about 50 years and offers
visitors the ability to participate in a large variety of “workshops and
programs each year devoted to cultivating deep change in self and
society”. Examples of topics available in their workshops are: Yoga,
Relationship Communication, Transpersonal Psychology, Personal Reflection,
Shamanism, Meditation, Massage and Spiritual Studies. It is common for people
to visit Esalen for extended periods of time to do “self-work”. There are
a few other retreat centers in the Bis Sur area including New Camaldoli
Hermitage (a Benedictine Hermitage) and Tassajara Hot Springs. Besides
the retreat centers, camping and hiking are popular activities in Big
Sur.
If a person finds themselves in this part of California, at minimum a drive
through Big Sur is a requirement. If time permits it is a wonderful place
to stay for a few days.
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